Conselheiro Lafaiete
O Arraial dos Carijós foi, na "corrida do ouro", uma das pri-mitivas povoações. O primeiro grupo de aventureiros aportados a esta paragem é bem provável que tenham sido os remanescentes da bandeira de Fernão Dias, então chefiados por Borba Gato, que, após o conflito do Sumidouro, vieram refugiar-se ao pé da Serra do Ouro Branco; hipótese esta baseada em Saint Adolphe ao afirmar que esses mineiros do antigo "Morro do Deus Te Livre" se juntaram aos índios carijós, constituindo o arraial. Mas, como são informações ainda sujeitas a profundos estudos para se obter uma conclusão precisa, o que nos parece difícil ocorrer devido a falta de documentos, optou-se pelo marco oficial da colonização como sendo a mesma ocasião em que reluziu o primeiro ouro nas terras da Itaberaba, pois as terras de Carijós eram passagem obrigatória para quem vinha em busca das minas. Por isso, em 1994, comemorou-se o tricentenário da colonização de Carijós.
A primtiva capela de Nossa Senhora da Conceição foi filial da freguesia de Furquim até 1709, quando se criou a freguesia de Carijós. Por consulta da Mesa de Consciência e Ordens, de 3 de novembro de 1750, e Alvará Régio de 16 de janeiro de 1752, a freguesia de Nossa Senhora da Conceição foi elevada à categoria de colativa. Compunha a freguesia de Carijós, no século XVIII, as capelas filiais de Santo Amaro do Camapuã (atual Queluzito), São Caetano do Paraopeba, Nossa Senhora da Glória (atual Caranaíba), Nossa Senhora das Dores (atual Capela Nova, esta na última década), Sant'Ana do Morro do Chapéu (atual Santana dos Montes), São Gonçalo do Camapuã (atual São Gonçalo do Brandão), São Miguel e Almas, além das capelas de Santo Antônio e da Arquiconfraria de Nossa Senhora do Carmo, ambas no arraial.
O Campo Alegre dos Carijós esteve subordinado à Vila de São José del Rei (atual cidade de Tiradentes) até 19 de setembro de 1790, ocasião em que o governador da Capitania, Exmº. Visconde de Barbacena, assinou o auto de criação da vila, no arraial dos Carijós, o qual passou a denominar-se Real Vila de Queluz, obtendo confirmação régia em 11 de janeiro de 1792. O Termo de Queluz esteve afi-xado à comarca do Rio das Mortes até 29 de julho de 1829, quando se incorporou à comarca de Ouro Preto. A 30 de junho de 1833, o Termo de Queluz foi elevado à categoria de 1ª entrância. O presidente da Província, Dr. Joaquim Saldanha Marinho, a 2 de janeiro de 1866, sancionou a lei provincial nº 1.276, concedendo a denominação de cidade à antiga Vila de Queluz, que passou a chamar-se Queluz de Minas. Pela lei provincial nº 1.867, de 15 de julho de 1872, elevou-se a comarca à 2ª entrância, confirmada pelo decreto-lei nº 5.049, de 14 de agosto de 1872, e ato de 22 de fevereiro de 1892 e pela lei nº 11, de 14 de agosto de 1903. A classificação de 3ª entrância verificou-se através do decreto-lei estadual nº 667, de 14 de março de 1940, pelo Sr. Governador do Estado, Dr. Benedicto Valadares Ribeiro, o mesmo que, arbitrariamente, pelo decreto nº 11.274, de 27 de março de 1934, estando como Interventor do Estado, mudou a denominação da cidade de Queluz de Minas para Conselheiro Lafaiete.
Em Queluz, na Revolução de 1842, os rebeldes liberais vence-ram as tropas legalistas, a 26 de julho daquele ano. O Cônego Marinho, também insurgente, em seu relato sobre a batalha de Queluz, exalta dois episódios acerca de seus companheiros revoltosos: a honestidade e fidalguia da pessoa humilde de Florentino José Alves, que socorreu o legalista capitão José Rodrigues Lages após a batalha, e a cena sentimental-patriótica do comandante Galvão que, ao perder um filho durante o combate, disse: "- Ainda me restam três [filhos] para sacrificá-los à causa da liberdade". Ressalta-se, ainda, nas crônicas da história queluzense, a fidelidade de seus habitantes ao governo legítimo da Província de Minas, na sub-levação de 1833, e na campanha da Guerra do Paraguai, para a qual enviou 25 voluntários, integrando a 1ª Brigada Mineira, além de abrigar e alimentar, por cinco dias, 1.200 homens que rumavam para Uberaba, sem aceitar nenhuma recompensa como pagamento das despesas. Não poderia esquecer-me dos valentes expedicionários que partiram para os campos de batalha, na Itália, durante a II Grande Guerra Mundial (1939-1945), engrandecendo o nome de nossa Pátria, ajudando a promover a paz entre os povos.
Ao comemorar-se os 220 anos de emancipação política de município de Conselheiro Lafaiete, com mais de 300 anos de história, deve-se reverenciar todo esse passado, de forma que seja um espelho a refletir o heroísmo, a cultura, a religiosidade e a tradição de seu povo. Paul Claudel em um de seus trabalhos confessa que foram os antepassados que o ensinaram a ver os vivos caminhar. Realmente, o presente é uma conseqüência do passado, por isso dever-se nele espe-lhar-se para que os equívocos de outrora não se repitam. Por isso a necessidade de preservar a História, a mestra da vida.
Diante desse passado bravio, a ingratidão seria uma falta grave por parte daquele que não ama sua terra, assim como o Cristo amou a capital de sua Pátria, Jerusalém, chorando sobre ela; assim como Camões amou seu Portugal, cantando sua história em versos; assim como Cícero se expressou no exórdio de seu discurso "Post reditum ad Quirites" o encantamento que nutria por sua terra natal.
* ALLEX ASSIS MILAGRE (1971 - 2009).
Esse texto foi publicado originalmente no CORREIO DE MINAS em 2007.
A primtiva capela de Nossa Senhora da Conceição foi filial da freguesia de Furquim até 1709, quando se criou a freguesia de Carijós. Por consulta da Mesa de Consciência e Ordens, de 3 de novembro de 1750, e Alvará Régio de 16 de janeiro de 1752, a freguesia de Nossa Senhora da Conceição foi elevada à categoria de colativa. Compunha a freguesia de Carijós, no século XVIII, as capelas filiais de Santo Amaro do Camapuã (atual Queluzito), São Caetano do Paraopeba, Nossa Senhora da Glória (atual Caranaíba), Nossa Senhora das Dores (atual Capela Nova, esta na última década), Sant'Ana do Morro do Chapéu (atual Santana dos Montes), São Gonçalo do Camapuã (atual São Gonçalo do Brandão), São Miguel e Almas, além das capelas de Santo Antônio e da Arquiconfraria de Nossa Senhora do Carmo, ambas no arraial.
O Campo Alegre dos Carijós esteve subordinado à Vila de São José del Rei (atual cidade de Tiradentes) até 19 de setembro de 1790, ocasião em que o governador da Capitania, Exmº. Visconde de Barbacena, assinou o auto de criação da vila, no arraial dos Carijós, o qual passou a denominar-se Real Vila de Queluz, obtendo confirmação régia em 11 de janeiro de 1792. O Termo de Queluz esteve afi-xado à comarca do Rio das Mortes até 29 de julho de 1829, quando se incorporou à comarca de Ouro Preto. A 30 de junho de 1833, o Termo de Queluz foi elevado à categoria de 1ª entrância. O presidente da Província, Dr. Joaquim Saldanha Marinho, a 2 de janeiro de 1866, sancionou a lei provincial nº 1.276, concedendo a denominação de cidade à antiga Vila de Queluz, que passou a chamar-se Queluz de Minas. Pela lei provincial nº 1.867, de 15 de julho de 1872, elevou-se a comarca à 2ª entrância, confirmada pelo decreto-lei nº 5.049, de 14 de agosto de 1872, e ato de 22 de fevereiro de 1892 e pela lei nº 11, de 14 de agosto de 1903. A classificação de 3ª entrância verificou-se através do decreto-lei estadual nº 667, de 14 de março de 1940, pelo Sr. Governador do Estado, Dr. Benedicto Valadares Ribeiro, o mesmo que, arbitrariamente, pelo decreto nº 11.274, de 27 de março de 1934, estando como Interventor do Estado, mudou a denominação da cidade de Queluz de Minas para Conselheiro Lafaiete.
Em Queluz, na Revolução de 1842, os rebeldes liberais vence-ram as tropas legalistas, a 26 de julho daquele ano. O Cônego Marinho, também insurgente, em seu relato sobre a batalha de Queluz, exalta dois episódios acerca de seus companheiros revoltosos: a honestidade e fidalguia da pessoa humilde de Florentino José Alves, que socorreu o legalista capitão José Rodrigues Lages após a batalha, e a cena sentimental-patriótica do comandante Galvão que, ao perder um filho durante o combate, disse: "- Ainda me restam três [filhos] para sacrificá-los à causa da liberdade". Ressalta-se, ainda, nas crônicas da história queluzense, a fidelidade de seus habitantes ao governo legítimo da Província de Minas, na sub-levação de 1833, e na campanha da Guerra do Paraguai, para a qual enviou 25 voluntários, integrando a 1ª Brigada Mineira, além de abrigar e alimentar, por cinco dias, 1.200 homens que rumavam para Uberaba, sem aceitar nenhuma recompensa como pagamento das despesas. Não poderia esquecer-me dos valentes expedicionários que partiram para os campos de batalha, na Itália, durante a II Grande Guerra Mundial (1939-1945), engrandecendo o nome de nossa Pátria, ajudando a promover a paz entre os povos.
Ao comemorar-se os 220 anos de emancipação política de município de Conselheiro Lafaiete, com mais de 300 anos de história, deve-se reverenciar todo esse passado, de forma que seja um espelho a refletir o heroísmo, a cultura, a religiosidade e a tradição de seu povo. Paul Claudel em um de seus trabalhos confessa que foram os antepassados que o ensinaram a ver os vivos caminhar. Realmente, o presente é uma conseqüência do passado, por isso dever-se nele espe-lhar-se para que os equívocos de outrora não se repitam. Por isso a necessidade de preservar a História, a mestra da vida.
Diante desse passado bravio, a ingratidão seria uma falta grave por parte daquele que não ama sua terra, assim como o Cristo amou a capital de sua Pátria, Jerusalém, chorando sobre ela; assim como Camões amou seu Portugal, cantando sua história em versos; assim como Cícero se expressou no exórdio de seu discurso "Post reditum ad Quirites" o encantamento que nutria por sua terra natal.
Esse texto foi publicado originalmente no CORREIO DE MINAS em 2007.
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